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Com quantas notas se faz um tweet?

12 dez

Musicalizando semana passada, me lembrei de um tempo que hoje parece tão distante – e que talvez seja um dos motivos das redes sociais fazerem tanto sucesso no Brasil. A quase necessidade de compartilhar nossos gostos.

fita k7 e canetaLembro que antes dos gravadores de CD serem popularizados (só vendia separadamente e custava uns R$1.200,00) e antes mesmo dos CDs serem popularizados, eu comprava fitas k7, virgens. E fazia muitas coletâneas. Gravava fitas a partir de outras fitas, às vezes de LPs. Mais raramente dos CDs. Afinal CD, se achava pouco. Tanto os discos quanto os aparelhos.
Eu amava estas coletâneas. Algumas destas fitas ainda tenho comigo. Mas a maioria virou presente para pessoas queridas.

Poucos presentes poderiam ser mais carinhosos, mais pessoais, mais íntimos do que um “combo amigo”: uma foto + uma cartinha (que poderia ser escrita no fundo da própria foto) + uma fita com canções (que pareciam ter sido compostas só para estas pessoas).
Era uma das melhores formas de mostrar a importância de uma pessoa na vida de outra.

Hoje, temos quase todas as nossas fotos expostas na rede. Postamos vídeos com as músicas “preferidas do momento”. Não escrevemos mais do que 144 caracteres para alguém. E toda demonstração de afeto soa ridícula.

Mas, como eu sou um velho, teimo eu manter minhas tradições. Não sou das discografias (apesar de ter várias). Sou das coletâneas. Sim. Por que uma banda mediana não pode ter uma ou duas músicas muito boas? Várias das minhas bandas favoritas tem algumas músicas chatinhas.

E assim sigo. Faço coletâneas fraternas, interesseiras, mal-intencionadas, bem-intencionadas. E mostro muito de mim pelas minhas músicas. Estão entre os melhores presentes que dei e recebi. Em cada música, mostro nas entrelinhas quem sou, o que quero, porque quero, porque sou, meu passado, meu presente, minhas aspirações… Está tudo lá. Se você tem minha playlist sabe. Pelo menos era eu naquele momento. Talvez eu fosse assim só com vc, ou não.

Eu teimo em ser assim. Não temo ser ridículo. Amo vocês, meus amigos.

 
4 Comentários

Publicado por em 12 de dezembro de 2011 em Musicalizando, Porta Retrato

 

4 Respostas para “Com quantas notas se faz um tweet?

  1. wladimirbastos

    12 de dezembro de 2011 at 18:20

    Rui, juro para você que não sinto nenhuma falta das fitas k7, nem dos vhs, nem dos vinis. Dos vinis principalmente porque ou eu os escutava em casa ou na casa de alguém. Impossível ir ali escutando um vinil. Depois vieram as fitas k7 e, com elas, logo depois, os players portáteis. Era fantástico ir na rua, com o fone de ouvido, ouvindo as músicas prediletas. Também fui muito de organizar coletâneas. Mas detestava ter que caçar uma música no player. Com o advento do cd, tudo ficou mais bonito. Juro que não sou de reclamar se no vinil eu ouvia aquela frequência e no cd não. Aliás, detestava os ruídos dos vinis e da paciência para pôr a agulha no início de uma música ou num determinado momento dela. Um saco! Pois bem, com uma internet melhorada, e o fluxo constante de arquivos de áudio por toda ela, meu sonho foi realizado! rs. É fácil, hoje em dia, se achar algo para ouvir e conhecer. Uma centena de músicas que estavam arquivadas na memória saíram de lá com a internet que conhecemos hoje. E a compactação de arquivos de áudio (mp3, wma, ogg, et cetera)? Uma benção! Certo, há perda de qualidade sonora quando existe a compactação, é indiscutível. Mas se quisermos esta qualidade que falta, ainda assim é mais fácil hoje encontrar os originais que antigamente. Mas enfim.

    Tenho sim muita saudade de tudo o que envolvia a música. Geralmente não era tão prazeroso escutar um vinil, ou k7, sozinho. Era uma ocasião para chamar amigos, ou a namorada, ou quem quer que seja, para escutarem aquela nova aquisição. Ou levar aquela coletânea “bala” para tocar lá na festinha!

    Mas algo que eu sinto muita, muita falta mesmo, é de receber cartas. Com a internet, os e-mails, posteriormente as redes sociais, a carta virou lenda. Tanto é que, hoje em dia, tendencio a sentir falta de receber e-mails (escritos, não montados, não spams, não propagandas, nem nada do tipo!), porque eu sei que receber um e-mail é coisa rara mas possível, e receber uma carta é praticamente impossível. Há tanta pobreza numa conversa via chat, mas tanta coisa a ser dita num e-mail…

    Pois é, Rui… Apois…

     
  2. Luan Santana Marques

    13 de dezembro de 2011 at 05:57

    Muito bom o texto rui!
    Concordo com você!
    Eram outros tempos, em que o próprio significado do tempo nos dava paciência e dedicação para coisas simples e legais como coletâneas.
    Lembro que quando pequeno ouvia muita rádio e para ouvir uma música que queria tinha que esperar ela passar na rádio e ir correndo gravar na K7. rsrsrs
    Abraço

     
    • Rui

      13 de dezembro de 2011 at 08:04

      bons tempos mesmo!
      essa de esperar A música tocar no rádio e colocar pra gravar é clássica também
      ruim era quando ela tocava justamente quando vc estava longe do som e quase desistindo de ouvi-la naquele dia
      ela ficava lá, “decepada”, sem sua introdução… às vezes com muitos segundos a menos rsrs

       

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